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Posts Tagged ‘sergipe’

Fac-simíle da página interna do livro 'Nova Luz'

Dando continuidade ao post dedicado ao livro que não terminei de ler, mas fotografei. Há uma versão interessante sobre Justiniano, infelizmente minha leitura fragmentada não encontrou tal trecho, onde ele dá a Sergipe, pelas suas coordenadas geográficas, a condição de fonte da revelação do conhecimento esclarecedor sobre o destino da humanidade. Sergipe, por isto, seria uma das portas do Inferno, este considerado não como o oposto do céu, o lugar dos pecadores, mas como uma área da terra destinada a reescrever o destino humano.

Justiniano de Melo e Silva acreditava, de tal modo, que elaborou um discurso para ser lido perante os chefes de nações do mundo. O texto que parece estar inédito sob a guarda da família, como também continua inédito o segundo volume da sua obra. Isso parece resumir bem a conotação messiânica. Fuçando na web ainda encontrei que tal opinião está presente no ensaio de Moysés Jacubovicz, apontando Sergipe como o limite do Governo Temporal com o homem representado, em seu estágio evolucional, como uma estrela de cinco pontas, como sendo portador do quinto princípio, ou seja, a aquisição do Mental Abstrato que é tônica do V Império, o El Dorado.
Nos estudos de Jacubovicz, tratando do V Império, e Luduvico Shcwennhagen – este o autor da Antiga História do Brasil (Terezina: Imprensa Oficial, 1928) – defendem a presença fenícia no Brasil. E ambos se valem da obra de Justiniano de Melo e Silva, não sendo únicos na apreciação e aproveitamento.

Há trechos interessantíssimos no livro de A. Sergipe. Nas duas edições disponíveis na Biblioteca Central da Universidade Federal de Sergipe, há partes memoráveis. Um deles é na página 573, onde Justiniano faz uma analogia entre os caranguejos e os homens: “Mas os caranguejos terão de impor sobriedade aos devoradores, porque cancer (caranguejo) fala de volta para traz ou de decadencia, semelhante a una chaga cancerosa, que não deixa nunca de carcomer os seios de nossa civilização”. Leia mais:

Trecho onde Justiniano demonstra sua postura praticamente socialista.

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'Nova luz' para corrigir o presente e o passado.

Uma conversa entre Caio Amado e Vinícius Dantas depois da leitura sobre um curioso livro do Justiano de Melo e Silva levou a conclusão que a duodécima porta do inferno está na Praça General Valadão em Aracaju. E quantas portas afinal tem o inferno?

Bem, segundo os cálculos cartográficos dos egípicios as coordenadas estariam localizadas geograficamente onde está o estado de Sergipe. Conversa de lombreiro? Acho que não, mas essa (h)estória foi suficiente para catar tal raridade: Nova Luz sobre o Passado. A humanidade primitiva e os povos pelasgicos – O Egypto e o Mundo Vol 1. Imprensa Nacional, 1907.

Curiosidade. Justiniano de Melo e Silva (1853-1940), nascido em Laranjeiras, primo de Fausto Cardoso, autor do intrigante livro Nova Luz sobre o Passado (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1906) assina como A. Sergipe, que quer dizer Amado Sergipe. Invertendo-se o A, temos V Sergipe, o que refleteria, segundo Jacubovicz, a Realidade, a Idade de Ouro, como está nos brasão de Sergipe holandês, do século XVII, e no Selo republicano do Estado, que é de 1892.

Ironia. Justiniano é bisavô do atual governador do Paraná, Roberto Requião. Como se vê, a linhagem progressista não é coisa de DNA.

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Realizador denuncia precariedade do festival de cinema.

Realizador denuncia festival de cinema.

Por Alessandro Santana

Sergipanos são os cidadãos brasileiros, nascidos em Sergipe, menor estado da federação. Faço parte desta classificação. Nasci, cresci, vivo em Sergipe e produzo Arte. Atualmente, venho observando com uma mórbida atenção alguns sinais de descaso para com o artista sergipano. O (mal)dito artista sergipano, este que fazem questão de louvar por essas bandas, é tratado em sua terra com descaso.

O Festival Ibero-americano de cinema de Sergipe Curta-SE, promovido pela Casa Curta-SE, mais uma vez se mostra desrespeitoso para com o realizador sergipano. Desde a sua primeira edição, acompanho o festival. Trabalhei em um dos filmes exibidos no primeiro festival e estou aqui novamente participando da 9a edição como realizador, e percebi que, desde a publicação das obras selecionadas para esta última edição do festival, coisas estranhas têm acontecido. O Curta-SE continua mal em sua organização. Longe de ser um festival firme e maduro com seus 9 anos de existência, continua repetindo erros primários de produção. O que podemos esperar de um festival sergipano que não dá o devido respeito ao realizador sergipano? (e com o público também).

Dito isto, vamos aos casos: assim que recebi um e-mail p ir retirar minha credencial na Casa Curta-SE, lá vem o primeiro erro:  eu sobrenome trocado na lista de circulação interna para controle das credenciais. Até aí, tudo bem. Um pedido de desculpas resolve o problema. No primeiro dia da mostra de filmes sergipanos, somente um dos vídeos propostos para a mostra foi exibido, com defeito nos créditos e a mostra de vídeos sergipanos acabou-se aí. Os artistas sergipanos não tiveram seus filmes exibidos, assim como o público que compareceu a fim de apreciar a produção local foram desrespeitados. Na segunda mostra, ocorreu uma coisa que mexeu particularmente com a minha pessoa: senti-me desrespeitado, primeiramente por não ter sido mencionado na abertura da segunda noite, assim como também pela não inclusão do título do meu vídeo na cédula para votação do júri popular. Era como se eu não estivesse ali, ou como se, simplesmente o vídeo não existisse. Sim, eu me senti marginalizado. Não que eu estivesse fazendo questão de ganhar algum prêmio, mas simplesmente pela falta de organização (e consequente respeito) do festival para com o meu trabalho, assim como os dos realizadores que teriam seus trabalhos exibidos na primeira mostra (que só exibiu um dos quatro vídeos programados). Pois bem, vou ser bastante ingênuo ao crer, que pelo tipo de vídeo que eu faço – me dedico inteiramente aos vídeos ditos experimentais – que a produção teria esquecido exatamente da minha obra no momento de digitar a ficha pois não lembraram da estorinha que o meu vídeo contava, ou talvez o título seja muito grande e deu preguiça. Uma outra leitura do fato se resume em uma simples palavra: incompetência. Ah, esse mal que assola esta cidade.

O mesmo vídeo em questão, (Desconforto ou qualquer título que lhe caia melhor; experimental, 15:18 min) também foi selecionado para outro festival em Sergipe, o “Curta na TV” da Fundação Aperipê, onde a fundação, EM CONTRATO, se redispunha a premiar com 100 cópias a cada realizador dos vídeo selecionado. Até hoje espero essas cópias, embora agora sem mais nenhuma esperança, pois pelo que eu tenho ouvido por aí, a Aperipê está contendo despesas (e o caso desses vídeos, suponho que não os interessem mais, a partir do momento em que o realizador sergipano, que deveria por direito ter o seu devido reconhecimento, apoio e respeito pela sua contribuição à cultura local – que não é somente feita de folclore/cultura popular, e sim toda e qualquer manifestação artística produzidas aqui nesta província). Nestes dois casos me sinto me sinto desrespeitado enquanto artista e sergipano que sou, concluindo aqui com algumas perguntas intrigantes:

É desta forma que se apóia e valoriza a cultura local?
O que finalmente resta para o artista sergipano??

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Nu reclinado (1917) - Amedeo Modigliani

Nu reclinado (1917) - Amedeo Modigliani

Mais vale uma filha na mão/ Do que dois pais voando
Você não gosta de mim, mas sua filha gosta
Você não gosta de mim, mas sua filha gosta
Jorge Maravilha” – Leonel Paiva / Julinho da Adelaide (Chico Buarque)

Sou fã das filhas dos coronéis.

Eu acho lindo que as jovens estejam retirando seus pais, homens da mais alta hierarquia militar, do desempenho de funções. Setembro de 2008. Coronel Péricles Menezes, comandante da Polícia Militar de Sergipe, é exonerado pelo Governador Marcelo Déda após arrombamento de uma casa na tentativa de encontrar sua filha de 16 anos com um suposto namorado. Setembro de 2009. Coronel Maurício Iunes, comandante do policiamento da capital, deixa o cargo depois de um jovem de 20 anos denunciá-lo por espancamento. Razão: o estudante ter tido um encontro furtivo com sua filha de 14 anos. É… não tem curso, nem patente que ensine a fórmula de como ser pai.

Não falo isso com veneno jornalístico, mas como mulher e moradora de uma cidade com comportamento hipócrita como Aracaju. Toda uma celeuma porque uma situação familiar foi exposta publicamente por conta do poder que seus protagonistas exercem. Sabe o que seria sensacional? O pai chamar esse “jovem comedor” para um bate papo no barzinho da esquina. Quando vamos ter um outro tipo de comportamento sobre a vida sexual dos nossos filhos? Mas os jornais vão continuar vendendo mais edições por essas histórias (Ah! Nelson Rodrigues, saudade do seu texto).

A meninada é ligadíssima na internet, navega em tudo que é site sem caretice. Aliás, vê Big Brother com a família no sofazão da sala. Programinha que só desinforma, estimula competição, esvazia o senso de coletividade, justifica a picaretagem, legitima apropriação desmedida do capital (o sonho do pobre querer ser milionário é um contra-senso), além de deserotizar os corpos (tudo é produto em exposição e para compra na próxima edição da Playboy). Ops… tinha esquecido que vivemos na cidade onde os motéis são chamados de pousada (criam até lei municipal pra isso!), livro de escritor sergipano é proibido no vestibular porque fala de sexo e na propaganda somos exemplos da qualidade de vida no Brasil. Engraçado, não?

Tudo se justifica. Nesse mondo bizarro (com a licença de Saulo Coelho), fico com as palavras do finado Newman Sucupira, poeta e fotógrafo que escreveu “Contos malditos e histórias de mim”, que já dizia que Aracaju fede, principalmente, quando é para falar da conduta moral dos seus moradores. Estou do lado dessas jovens. Nada menos adolescente do que namorar escondido, contar um desdobro pros pais e viver uma experiência. Juventude é descoberta. Apesar de novinhas, essas garotas demonstram que são decididas. Agora, imagina como seria diferente o comportamento desses pais se o caso fosse com filhos/homens.

Fardados ou não fardados, está na hora de atualizar o conceito de papai e mamãe. Autoridade nenhuma nesse mundo vai dar conta da habilidade dessa juventude orkuteira/twitteira. Eles são mais inteligentes e capazes do que seus velhos. Comecem a ter argumentos e, por favor, não leve um caso bobo como namoros proibidos para delegacia. O erário público agradece. Façam jus aos anos de experiência. Seus cabelos brancos indicam que o tempo passou, não que o mundo ficou velho. Há novas práticas de relacionamento. Hoje ser adulto está intimamente ligado ao desapego e responsabilidade afetiva. E se preparem logo, porque muita coisa tá rolando por aí.

Dêem meninas, dêem com carinho, amor e camisinha (codinome do juízo)! Dêem porque vocês querem.

Cheiro!

Lu Almeida, por favor menos neura no mundo.

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Miragens do centro

Um homem chorando sozinho
em cima de um prédio…
Às duas da matina,
uma vida de tédio
pode, com um passo,
pra sempre acabar.

Um velho doente que passa
pedindo uma esmola,
um menino carente
de colo tem cola
e deseja um futuro
que nunca virá.

Não virá para os que sobrevivem
debaixo das pontes,
ou então agrupados aos montes,
nas escadarias sob as catedrais.
Infelizes dos olhos tão secos,
os travecos, as putas dos becos
dos sufocos, dos cocos, dos loucos,
miragens reais.

Em todo o centro da cidade,
nas praças, na lama
dos mangues, há sempre
alguém que te chama,
bastaria abrir
os seus olhos pra ver.

Pra ver que, na vida, você
nunca viu quase nada,
só o seu umbigo
e sua cara inchada
de sono no espelho
pelo amanhecer.

E você, isolado do mundo
num arranha-céu,
não enxerga o buraco profundo
pro qual a cidade um dia escorreu.
Não enxerga também no horizonte
o horizonte de quem já não tem
horizonte, só tem uma ponte
que não leva a nada
nem leva a ninguém.

Sob a ponte, meu senhor,
Sob a ponte impera a dor.

[Wedmo Mangueira/Helmir Etílico]

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