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Rizoma das ruas

No meio do caminho tinha um graffiti, tinha um graffiti no meio do caminho.

Avenida Desembargador Maynard, Aracaju, Sergipe, Nordeste, Brasil, América Latina. Trabalho de Chagas.

Boto fé

Banda BaianaSystem esquentou o público ao executar o seu Frevo Foguete.

“O que será da guitarra baiana?” e “Como serão os futuros carnavais?”. No fundo do palco se via as duas perguntas durante o show da buliçosa BaianaSystem na 20ª edição do Festival de Inverno de Garanhuns. Sound System Satélite subiu que nem a porra no Palco Pop, isso em pleno clima frio do Parque Euclides Dourado. Novidade para edição de 2010, o projeto intitulado PEBA fez bonito ao unir no mesmo espaço uma turma porreta de PErnambucanos e BAianos. Aliás, de peba, corruptela pra dizer algo de má qualidade, não houve nada na noite do dia 17 de julho.

O badauê começou na curiosidade de um público pequeno, mas fiel à proposta da confluência musical. Quem capitaneava o sistema de som (quase andante) era Robertinho Barreto na guitarra, Russo Passapusso no vocal, Chico Corrêa no pick up, Marcelo Seco no baixo e Mamá Soares na percussão. A atriz principal da noite foi a baiana, pretenso bandolim valvulado, filha do pau de cordas eletrificado do Dodô & Osmar: a guitarrinha quase setentona. E agora apresentada fora do contexto carnavalesco e mais pop do que nunca!

Som ambulante: paralelo entre os antigos carnavais e a sound system.

Há anos não vejo atualização de um instrumento de tal maneira. O projeto musical da BaianaSystem tem o referencial do sound system, principal divulgador do reggae & dub na Jamaica, sendo simplista é nada mais que um carro que acoplava estrutura de som já que a turma não tinha dim-dim pra comprar vinis. O sound era a melhor forma de transmissão dos trabalhos musicais e das experimentações dos artistas e disque-joqueis. Estratégia também utilizada na aparelhagem no Pará ou, ainda, numa analogia às festas de rua em Salvador com o trio elétrico.

Do conceito a prática. Ideia mais avexada foi essa de fazer uma estrutura sonora ambulante. De Dodô & Osmar com seu quase cavaco de quatro cordas, passando por Armandinho com seu instrumento com cinco cordas de madeira maciça, a inserção do vocal e uso dos tweets por Moraes Moreira, Robertinho mostra que a guitarra uma vez que é baiana, se mescla agora com o mundo. A expansão das possibilidades sonoras da guitarra baiana trouxe à tona uma filiação entre o ska & o frevo, reggae com afoxé, do dub com a macumba, da lambada com guitarrada, o ragga, kuduro e naia-bing num pacote sonoro só.

O show de pouco menos de uma hora durante o FIG 2010 foi suficiente para ver & ouvir o novo uipitipiti da música brasileira. A BaianaSystem é o cordão da ‘ubaranamaralina’ explorando mais timbres, novos samplers, colagens musicais e recriando um território sonoro sem fronteiras . Não resta dúvida que o futuro da boa musicalidade baiana está em mãos certeiras e, olha, se retroalimentando.

Remexe & manda: Systema Fobica

Mais duodécima porta

Fac-simíle da página interna do livro 'Nova Luz'

Dando continuidade ao post dedicado ao livro que não terminei de ler, mas fotografei. Há uma versão interessante sobre Justiniano, infelizmente minha leitura fragmentada não encontrou tal trecho, onde ele dá a Sergipe, pelas suas coordenadas geográficas, a condição de fonte da revelação do conhecimento esclarecedor sobre o destino da humanidade. Sergipe, por isto, seria uma das portas do Inferno, este considerado não como o oposto do céu, o lugar dos pecadores, mas como uma área da terra destinada a reescrever o destino humano.

Justiniano de Melo e Silva acreditava, de tal modo, que elaborou um discurso para ser lido perante os chefes de nações do mundo. O texto que parece estar inédito sob a guarda da família, como também continua inédito o segundo volume da sua obra. Isso parece resumir bem a conotação messiânica. Fuçando na web ainda encontrei que tal opinião está presente no ensaio de Moysés Jacubovicz, apontando Sergipe como o limite do Governo Temporal com o homem representado, em seu estágio evolucional, como uma estrela de cinco pontas, como sendo portador do quinto princípio, ou seja, a aquisição do Mental Abstrato que é tônica do V Império, o El Dorado.
Nos estudos de Jacubovicz, tratando do V Império, e Luduvico Shcwennhagen – este o autor da Antiga História do Brasil (Terezina: Imprensa Oficial, 1928) – defendem a presença fenícia no Brasil. E ambos se valem da obra de Justiniano de Melo e Silva, não sendo únicos na apreciação e aproveitamento.

Há trechos interessantíssimos no livro de A. Sergipe. Nas duas edições disponíveis na Biblioteca Central da Universidade Federal de Sergipe, há partes memoráveis. Um deles é na página 573, onde Justiniano faz uma analogia entre os caranguejos e os homens: “Mas os caranguejos terão de impor sobriedade aos devoradores, porque cancer (caranguejo) fala de volta para traz ou de decadencia, semelhante a una chaga cancerosa, que não deixa nunca de carcomer os seios de nossa civilização”. Leia mais:

Trecho onde Justiniano demonstra sua postura praticamente socialista.

'Nova luz' para corrigir o presente e o passado.

Uma conversa entre Caio Amado e Vinícius Dantas depois da leitura sobre um curioso livro do Justiano de Melo e Silva levou a conclusão que a duodécima porta do inferno está na Praça General Valadão em Aracaju. E quantas portas afinal tem o inferno?

Bem, segundo os cálculos cartográficos dos egípicios as coordenadas estariam localizadas geograficamente onde está o estado de Sergipe. Conversa de lombreiro? Acho que não, mas essa (h)estória foi suficiente para catar tal raridade: Nova Luz sobre o Passado. A humanidade primitiva e os povos pelasgicos – O Egypto e o Mundo Vol 1. Imprensa Nacional, 1907.

Curiosidade. Justiniano de Melo e Silva (1853-1940), nascido em Laranjeiras, primo de Fausto Cardoso, autor do intrigante livro Nova Luz sobre o Passado (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1906) assina como A. Sergipe, que quer dizer Amado Sergipe. Invertendo-se o A, temos V Sergipe, o que refleteria, segundo Jacubovicz, a Realidade, a Idade de Ouro, como está nos brasão de Sergipe holandês, do século XVII, e no Selo republicano do Estado, que é de 1892.

Ironia. Justiniano é bisavô do atual governador do Paraná, Roberto Requião. Como se vê, a linhagem progressista não é coisa de DNA.

Deslocar-se

Parece ser fácil dizer 'whisky'. Somos todos um tanto filhos da noiva.

Vocês nunca se amaram. por favor, deixem de se mal tratar e se deixem ser felizes. Vejo duas pessoas completamente opostas mentindo pra si mesmas.
Preciso ir. Preciso partir para saber se posso fazer diferente. É necessário saber se posso ser outra pessoa. Talvez independente, mas que saiba pedir ajuda quando for preciso. Porque saber reconhecer que não funcionou ou que é necessário seguir em frente nos faz mais homens, mais mulheres e mais humanos.
Talvez como vovô não conseguiu falar o que tinha a dizer verbalmente ao fim da vida, deixo essa singela carta para vocês. Gostaria muito que conseguissemos isso juntos, sem ter que desmoronar mais sentimentos e plantar dores nos nossos corações.
Nada mais leal do que a gente reconhecer que algo encerrou. Nada mais legítimo do que engolir nossos orgulhos e seguir em frente.
Deve ser verdade: não há felicidade se não for compartilhada. O que estamos dividindo com aqueles que temos próximos? Eu quero tudo e quero dividir tudo. Escolhe a vida de olhos fechados. Vai! Tá sentindo comigo?
Por uma nova lógica de família, uma nova lógica de amor, uma outra forma de viver. Hoje tento. Por enquanto insisto pelo outro possível. Será que será melhor? Demorou pra amadurecer. Ideias plantandas um dia semeiam flores. Faço colheita. Carrego vontade. Ofereço apreço. Desejo que o tempo nos amoleça e nos inunde cada vez mais. Quero fazê-los sair do marasmo, porque o universo quer brincar com a gente.
Me dá sua mão?

Não morre

Por ter feito nos sentir estrangeiros na nossa própria língua, o velhinho Sara…mago.

Esse aí nos ensina a ler de novo. Uma nobre razão pelas palavras.

O que resta do tempo

Para além de um cinema dito palestino.

Israel é um país deveras democrático. Sempre houve espaço para voz dissonante, reconhecido por uma da impressa democrática. Mas depois do trágico episódio ocorrido com a interceptação (pra não dizer quase total aniquilação) do comboio que seguia para Faixa de Gaza, se faz necessário pensar o que esconde o discurso liberal. Digo, a história quando se repete é farsa. Elocubremos.

Presenciamos uma constância assassinatos, entifadas e muros de truculência. Diria nosso hermano Galeano, é a “Operação Chumbo Impune“. Eduardo coloca o dedo na ferida ao nos perguntar: Por acaso a tragédia do Holocausto implica uma apólice de eterna impunidade? Para tal perguntar talvez possamos datar um momento que marque o irracionalismo: assassinato do primeiro-ministro Yitzhak Rabin. A morte causada por um israelense ortodoxo foi justificada por “traição aos ideais judaicos”.

Rabin, Yassar Arafat e Shimon Peres foram responsáveis por uma anunciação de paz no início da década de 90. Era o primeiro passo para o reconhecimento da “Autoridade Nacional Palestina” e da conciliação em territórios como Cisjordânia. Após o sangue derramado, houve uma ascensão de ultra direita conservadora (sic!) nos descaminhos políticos israelenses. Afinal, qual o valor do sangue judaico para um judeu?

Hoje Israel, e sua causa, adquire uma onda gigantesca de impopularidade no âmbito mundial. Torço para que tal ‘tragédia’ não espalhe mais ainda a propaganda terrorista yankee. E pásmem! Até uma brasileira foi alvo em meio ao quiprocó. A palavra intervenção se tornou eufemismo para invasão, guerra e armas nucleares. Quem ganha com essa situação? A quem interessa manter o recrudescimento?

O que passa? É perda total de humanidade? Antipatia pelo próximo? O que resta? Uma expressão de teatralidade-absurda à Suleiman.

Montanaro divide página na Folha com ninguém menos que Angeli.

Volto aqui pra falar de um moleque de 14 anos, colega do sergipano Pablo Carranza na Revista MAD, João Pedro Montanaro Barbosa. A partir deste mês o enfant terrible está na Folha aos sábados. Pásmem, meus caros, o piá vai publicar na página dois (essa mesma, a página da política). As sacadas do Montanaro são boas, os desenhos soltos e já com características muito próprias (vê como ele desenha os olhos).

Curto muito o personagem “homem onitorrinco” – bem piada à Chico Lacerda. Le petit lança seu primeiro livro em agosto na Flip. Olhos atentos, hein !?

Obs. Errr…só pra constar, Montanaro desenha no papel, viu? É por essas e outras que tenho medo dessa geração inteligente!

Coçe no amigo do Adão Iturrusgarai.

Vai descer?

Aberta a caça aos personal styles!

Isso é uma tarefa pras forças espirituais. Só digo uma coisa, chama o Pastor Melvin!

Pela cloaca

Times ao revés: 'The winner isn't him'.

Que a revista Veja é de extrema direita não há novidade, mas tem horas que se torna tragicômica. Olhe a capa dessa semana, edição 2162, onde está a “laboriosa” tentativa de pró-tucana. O texto da matéria com o discurso continuísta é de fazer doer. Chega a ser burlesco entrevistar Oscar Quiroga, um astrólogo, que lê nas coordenadas de signos e casas astrais que o governador paulista vai ser presidente. Na contra-interpretação só os astros podem dar conta dessa empreitada rumo à Casa da Alvorada.
Sem falar na capa. Na descarada cópia da Times com Barack Obama, os editores da Veja tentam colocar o Mr. Burns Tupiniquim como, digamos, palatável. Se ser “simpático” foi a estratégia editorial, desconfio que o tiro saiu pela culatra. Nem fotoshop deu conta da expressão ridícula do rosto como máscara do riso. José Serra continua com a expressão antipática. Não precisa ser nenhum comunicador visual pra dizer que o cabra ficou com uma cara forçada e, na boa, ri da fotografia e das correções mal feitas. Serra segurando rostinho que nem book de debutante?
O que me faz chegar a conclusão que no Brasil existe uma incompetência crônica para construir um discurso contra-hegemônico. Revista Veja, sua tentativa foi ineficaz. Quando até o dito “opositor” tem tal discurso consonante, o que sobra para o saudável embate democrático? O mais do mesmo. Nas palavras do colega Xico Sá, de oposto mesmo nos resta apenas o sexo (uglup!). Tá, a piada foi ruim. Uff…